Lembrei de um trecho que li num livro…
“É importante que, às vezes, você se permita ter dias ‘sei lá’.” – 100 Dias Depois do Fim, Victor Érik
Hoje foi um desses dias… sei lá.
Acordei, abri os olhos, levantei — ou melhor, o corpo levantou, mas a alma ficou meio encostada na beira da cama. Não estou triste, mas também não estou alegre. Estou aqui, só… estando. O mundo parece andar em câmera lenta, como se tudo ao redor tivesse diminuído o ritmo, como se a vida tivesse apertado “pausa”, mas o relógio insistisse em seguir.
Fiz o que precisava ser feito, mas nada mais. Não sorri muito, mas também não chorei. As palavras pareciam mais pesadas, os pensamentos mais silenciosos. Tudo ficou meio cinza, não pela ausência de cor, mas pela ausência de contraste. Um dia morno. Um dia “sei lá”.
E, por incrível que pareça, está tudo bem. Não me cobrei por ser útil, não me forcei a sorrir, não vesti nenhuma máscara. Apenas deixei ser. Deixei o dia passar por mim com a leveza que ele quis ter e o peso que não consegui evitar. Porque, às vezes, a alma precisa de um intervalo — desses em que não se espera muito, não se entrega muito, apenas se respira.
A gente vive cercado de exigências: ser feliz, ser produtivo, ser forte, ser tudo ao mesmo tempo. Mas ninguém nos ensina que também é humano apenas… ser. Estar. Flutuar entre o que sentimos e o que não conseguimos nomear.
E é nesses dias meio nublados, em que a vida não brilha nem desmorona, que a gente se encontra no intervalo entre o “tanto faz” e o “talvez amanhã”. Porque, às vezes, o que a gente mais precisa é mesmo disso: de um dia “sei lá”.