Entre Silêncios e Cicatrizes

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Há um momento, entre o silêncio e o caos, em que tudo parece se alinhar dentro de nós. É breve, frágil, e muitas vezes, nos escapa. Mas nesse instante, somos capazes de olhar para nós mesmos de uma forma que raramente conseguimos. Enxergamos não só quem somos, mas também todas as versões que já fomos — as que amamos, as que ignoramos, e até aquelas que tentamos esquecer.

Quantas vezes nos perdemos tentando nos encontrar? Tentando corresponder a expectativas que talvez nunca tenham sido realmente nossas? Existe um cansaço que vem do peso de ser o que o mundo espera, e, paradoxalmente, também da tentativa incansável de ser autêntico. É nesse equilíbrio delicado entre ser para os outros e ser para nós mesmos que reside um dos maiores dilemas da existência.

E, mesmo assim, há beleza nisso. Porque cada passo hesitante, cada dúvida, cada tropeço nos transforma. Em nossa vulnerabilidade, encontramos força. Em nossas falhas, descobrimos a coragem de continuar. Cada cicatriz, por mais dolorosa, é prova de que vivemos — que arriscamos, que sentimos, que tentamos.

Às vezes, no fundo da noite, deitados num mar de pensamentos, sentimos o vazio. E não há vergonha nisso. Esse vazio é, muitas vezes, um convite para refletir. Para fazer as pazes com o passado. Para aceitar o presente. E, acima de tudo, para sonhar com o futuro. Porque, no fim das contas, o que nos define não é a ausência de dor, mas a capacidade de crescer através dela.

E talvez o maior desejo seja simples: sentir. Sentir profundamente. Amar sem medo. Errar sem receios. E, mais do que tudo, viver com o coração aberto — mesmo quando ele parece mais inclinado a se fechar. Afinal, quem sabe o que nos espera?