Nostalgia: O Tempo Em Nós

Há um tipo de saudade que não dói, mas aperta. Um aperto manso, quente, quase como um abraço antigo. Chama-se nostalgia. Ela chega de mansinho, sem pedir licença — numa música, num cheiro, numa tarde que parece repetida de um passado distante.

Nostalgia é caminhar por dentro de nós mesmos. É reencontrar sorrisos que já não se fazem presentes, lugares que mudaram mas ainda vivem intactos na memória, e versões de nós que deixamos pelo caminho. Não é apenas lembrar; é sentir de novo. É reviver.

Ela tem o poder curioso de transformar até momentos simples em relíquias. Um brinquedo de infância, uma rua que tinha gosto de férias, o som da voz de alguém que se foi. São memórias que o tempo não apaga, só emoldura com mais ternura.

Mas a nostalgia não vive no passado. Ela mora no agora, nos lembrando que fomos felizes — e que ainda somos, de outra forma. Ela é o fio invisível que costura o ontem ao hoje, fazendo com que, mesmo em meio à correria, a gente pare um instante… só para sentir.

E há beleza nisso. Porque, se sentimos falta, é porque vivemos algo bom. E viver, afinal, é isso: colecionar instantes que um dia se tornarão memórias.

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