O Palco Invisível

É só uma apresentação ou um discurso. Só umas palavras. Só umas pessoas a ouvir.
Mas o corpo não sabe disso.

O coração acelera como se fosse fugir. A cada batida, parece anunciar: perigo, perigo, perigo. As mãos, que tantas vezes foram firmes, agora tremem como folhas ao vento. A garganta aperta. A voz hesita. E o suor, sem pedir permissão, surge como se estivesse a chover por dentro.

Na cabeça, um caos silencioso. Pensamentos correm, atropelam-se, esquecem o que vieram fazer. E se eu errar? E se esquecer? E se rirem de mim? E se ficarem em silêncio?

É estranho, porque não há um leão à solta. Não há um precipício à frente. Só há pessoas, olhares, atenção. Mas a ansiedade pinta monstros onde só existem sombras.

Ainda assim, no meio de tudo isso, há algo bonito. É o corpo a lembrar que se importa. Que está vivo. Que está presente. Que sente. E sentir é humano.

Falar em público pode ser um desafio gigante. Mas é também um ato de coragem. Porque, mesmo com medo, a gente fala. Mesmo tremendo, a gente continua. E, aos poucos, a voz encontra força, o coração desacelera, e o palco deixa de ser um problema para se tornar um espelho — onde nos vemos de verdade.

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