Foi quando tudo já tinha ido embora que ele entendeu.
Ela o amava de um jeito bonito, paciente, inteiro. Daqueles amores que não gritam, mas estão lá. Que não imploram, mas esperam. Que não exigem nada além de reciprocidade. Mas ele não viu. Talvez porque estivesse ocupado demais buscando por algo mais “emocionante”, talvez porque confundiu paz com tédio. Ou talvez porque, no fundo, achava que ela sempre estaria lá.
Mas um dia ela cansou. E quando foi embora, levou com ela aquele amor leve, sincero, raro. E deixou um vazio — não por presença, mas por ausência de tudo que ele nunca soube reconhecer enquanto tinha.
Então, a vida — com sua ironia elegante — deu-lhe a chance de amar de novo. Só que dessa vez, ele era quem esperava a resposta que nunca vinha. Quem mandava mensagens e recebia silêncio. Quem oferecia tudo e recebia migalhas. Quem amava com intensidade… e era ignorado com frieza.
Foi aí que entendeu a frase que antes parecia só uma daquelas coisas de internet:
“Você vai amar quem não te ama, por não ter valorizado quem te amou.”
Chamam isso de karma. Mas talvez seja só a vida tentando ensinar, à força, o que ele não quis aprender com carinho.
Agora, deitado numa cama vazia, rolando conversas antigas, ele revê as mensagens dela. Vê o cuidado nas palavras, o carinho nos detalhes, e se pergunta como foi capaz de não sentir tudo aquilo na época. A resposta nunca vem. Porque a verdade é que tem sentimentos que só ganham sentido quando já não estão mais ali.
E ele aprendeu — tarde demais — que a vida não espera por quem não sabe valorizar o que tem. Que o amor, por mais forte que seja, precisa ser correspondido. E que, às vezes, a maior dor não é perder alguém… é perceber que quem se perdeu foi ele mesmo.