Hey,
Se estás a ler estas palavras, é porque o tempo, esse velho companheiro que tanto partilhámos, já não me pertence. Eu queria poder estar aí, contigo, segurando tua mão mais uma vez. Mas se não posso mais estar presente em corpo, que estas palavras te abracem como um último gesto meu.
Dizem por aí que a morte é o fim, o corte brusco, o silêncio absoluto. Mas eu não acredito nisso. Para mim, a morte — por mais dura que seja — é a última face do amor. Não, não falo da dor da perda, nem da violência que tantas vezes toma nomes que não merece. Falo do amor que fica. Falo do que tu foste — e sempre serás — para mim.
Deixar-te foi a coisa mais difícil que já enfrentei. Não porque tive medo, mas porque te deixar sozinho é, para mim, a maior dor. E ainda assim, saber que essa dor existe, que o vazio é real, é a prova de que o amor que vivemos foi profundo, verdadeiro, inteiro.
Lembro de cada detalhe: do teu riso solto nos domingos de sol, das tuas mãos quentes nas noites frias, da tua forma de dizer meu nome como se o mundo todo coubesse naquela sílaba. Cada memória tua é agora o que me ancora, mesmo onde já não existe tempo.
Sei que vai doer. E não quero pedir que não chores — tu deves chorar, sim, porque as lágrimas também são uma forma de amar. Mas quero que saibas que tudo o que vivemos valeu. Que eu iria mil vezes, se necessário fosse, para que tu ficasses bem.
Talvez o amor seja isso: algo tão imenso que sobrevive até mesmo à ausência. E se a minha partida te machuca, é porque a minha presença te era doce. Que lindo é saber disso. Que privilégio foi amar-te.
Por favor, não deixes que a dor apague as cores dos dias que ainda virão. Vive, por nós dois. Sorri, por mim. Ama, como sempre amaste — com essa luz nos olhos que um dia me salvou sem nem saberes.
No fim, se me perguntarem qual foi minha maior prova de amor, eu responderei sem hesitar: foi ter partido com o coração cheio de ti, para que tu ficasses com o mundo inteiro à tua frente.
Com amor eterno, …